Viúva do doador de Faustão desabafa sobre morte do marido: ‘Omissão de socorro’

Viúva de doador de coração de Faustão quebra o silêncio e emociona o país

Pela primeira vez, Jaqueline Silva, viúva de Fábio Cordeiro da Silva — o pedreiro que teve seu coração transplantado para o apresentador Fausto Silva — falou publicamente sobre a perda do marido. Em uma entrevista ao programa Domingo Espetacular, da Record TV, Jaqueline abriu o coração e compartilhou os sentimentos intensos que vive desde o falecimento de Fábio. Entre dor, revolta e consolo, ela relembrou os momentos difíceis que antecederam a tragédia e refletiu sobre o gesto que acabou salvando outra vida.

Um AVC em meio ao trabalho

Fábio Cordeiro da Silva sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) enquanto prestava serviços como pedreiro em um prédio. Segundo Jaqueline, ele passou mal durante o expediente, mas só foi encontrado no dia seguinte. A viúva não escondeu sua indignação com o descaso no local de trabalho.

“Eu achei a coisa mais revoltante da face da Terra, porque isso foi omissão de socorro”, declarou Jaqueline, com a voz embargada. Ela destacou que o prédio onde ele trabalhava tinha porteiro, câmeras e controle de entrada e saída, o que, em sua visão, tornava inadmissível que Fábio tivesse ficado desacompanhado por tantas horas.

Falta de assistência gerou revolta

O desabafo de Jaqueline vai além da dor da perda. Para ela, o que mais pesa é a ausência de socorro imediato, que, segundo acredita, poderia ter mudado o desfecho da situação. “Como uma pessoa que trabalha em um prédio que tem porteiro, que tem toda a acessibilidade, onde só pode trabalhar até às 18h, fica com a chave e ninguém faz nada? Ele não poderia ter ficado lá”, questionou, revoltada.

A situação levanta questões sobre a responsabilidade de empresas e prédios em relação à segurança e bem-estar dos trabalhadores, especialmente em casos de emergência médica.

Consolação em meio à dor

Apesar da indignação, Jaqueline também demonstrou um sentimento de consolo ao saber que o coração de Fábio foi doado e ajudou a salvar a vida de outra pessoa — no caso, o apresentador Fausto Silva. Faustão enfrentava um quadro grave de insuficiência cardíaca e, após o transplante, chegou a agradecer publicamente à família do doador, pedindo respeito à memória de Fábio.

Para Jaqueline, esse gesto trouxe um pouco de conforto. “Não tem uma parte dessa casa que eu não me lembre dele”, disse, emocionada. “Eu sou mãe, e imaginei uma outra mãe rindo [pela vida do filho], mesmo eu aqui chorando.”

Essa fala resume a complexidade de sentimentos vivida por Jaqueline: a dor irreparável da perda, mas também a sensação de que a morte do marido proporcionou uma nova chance para outra família.

Um gesto que salvou uma vida

O caso teve grande repercussão nacional após a revelação de que o coração de Fábio havia sido transplantado para Faustão. O apresentador, que passou por uma cirurgia de emergência, destacou a importância da doação de órgãos e agradeceu à família do pedreiro pelo gesto de solidariedade.

Jaqueline, por sua vez, reforçou o quanto considera essencial a doação de órgãos, especialmente diante de uma perda tão significativa. “Mesmo em meio à dor, saber que ele pôde ajudar alguém me dá forças para continuar”, disse.

A omissão de socorro em debate

A entrevista também trouxe à tona um debate importante sobre a omissão de socorro em ambientes de trabalho. Situações como a de Fábio evidenciam a necessidade de protocolos claros de emergência e maior preparo por parte das empresas e funcionários.

No Brasil, a omissão de socorro é prevista como crime no Código Penal, mas, na prática, casos como o de Fábio ainda ocorrem com frequência. O relato de Jaqueline reforça a urgência de conscientização e treinamento para agir corretamente diante de emergências.

A memória de Fábio permanece viva

Ao final da entrevista, Jaqueline fez questão de destacar que mantém viva a memória do marido em cada canto da casa, nas lembranças do cotidiano e no impacto que ele causou até mesmo após sua morte. “O gesto dele continua vivo, não só no coração que ele salvou, mas também na mensagem que ele deixou: de que mesmo na morte, é possível salvar vidas.”

A história de Fábio e Jaqueline, marcada por amor, perda e solidariedade, é um lembrete poderoso do impacto que um único ato pode ter. Em meio à dor, a doação de órgãos transformou o luto de uma família em esperança para outra.

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